quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pequena Memória para um Tempo sem Memória



É tempo de eleição. O voto é secreto. Mas deixo claro aqui e abro publicamente que vou votar na Marina Silva. Para mim, o meio ambiente no planeta em que vivemos é uma urgência.

Mas, uma coisa vem me incomodando muito nessa eleição. E vou deixar claro o que é. Sem meias palavras ou metáforas.

Dilma Rousseff. Dizem que foi uma assassina, uma guerrilheira, matou gente e tudo mais. Pra quem não se lembra, vai aí um pouco de História do Brasil:

Em 1964, houve um golpe militar no Brasil e uma junta militar tomou o poder, colocando Castelo Branco como Presidente da República. Logo após o golpe, diversos intelectuais foram perseguidos e presos. Pode-se usar como exemplo a perseguição de professores e profissionais de outras áreas que estavam ligados ao programa de ALFABETIZAÇÃO do governo de João Goulart, anterior ao golpe.

Muitos conseguiram fugir e muitos foram presos. No período de 1964 até 1968, artistas, intelectuais e estudantes fizeram protestos clamando por liberdade. "A Banda" do Chico Buarque já havia passado e começava naquele momento a chamada "Longa Noite dos Generais".

Nessas passeatas, muitos estudantes e intelectuais foram presos e torturados. Artistas como Chico Buarque, tiveram suas canções submetidas à censura prévia o que, de certa forma (e quero enfatizar aqui: DE CERTA FORMA), foi bom porque esses artistas tiveram que usar de muita criatividade para driblar a censura.

Posso dizer com toda a certeza que aquele foi o melhor momento para a MPB, sem dúvida alguma.

Em 1968, dois casos chamam a atenção. No centro da cidade do Rio de Janeiro, no restaurante Calabouço, um estudante chamado Edson Luís, pobre e que almoçava lá pelo preço acessível que o restaurante oferecia, foi assassinado pela polícia que entrou no lugar e assassinou Edson Luís que nada tinha a ver com a resistência contra a ditadura.

Frases como : "PODERIA SER SEU FILHO" fizeram parte das passeatas que se sucederam após a morte do estudante até culminar na famosa PASSEATA DOS CEM MIL, no centro da cidade do Rio. Alguns meses após a passeata, o General Costa e Silva, o então presidente da Ditadura Militar, decretou o AI-5, fazendo o que ficou conhecido como "o golpe dentro do golpe", fechando ainda mais o cerco aos estudantes, artistas e intelectuais.

Muitos foram para o exílio e muitos foram para a luta armada.

A luta armada, embora seja alvo de críticas por muitos, foi a forma encontrada de resistir à opressão da ditadura vigente.

Um entre muitos estudantes que foram pra luta armada, estava Dilma Rousseff, aquela que é acusada como assassina por muitas revistas, jornais e pessoas. A Ditadura Militar sim que era assassina, que perseguia, matava e torturava estudantes.

Os guerrilheiros enxergavam na luta armada, uma forma de combater a Ditadura. É óbvio que não foi a guerrilha que acabou com a luta armada, mas a intenção era exatamente essa. Não podemos culpar a Dilma ou as outras pessoas por terem se envolvido na luta armada. Vivíamos um governo de exceção, uma ditadura que, repito, torturava, matava e perseguia.



A foto a seguir foi tirada numa passeata no Rio de Janeiro contra a ditadura. Dizem que logo depois que a foto foi tirada, o jovem caiu no chão, bate com a cabeça no meio fio e morreu.
Quem é assassino?

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